quinta-feira, 11 de junho de 2009

PELO SIM E PELO NÃO

 

Parado no semáforo. Se verde ,eu sigo. Se vermelho, eu paro. Se amarelo, depende.

A vida é cheia de semáforos e também cheia de acidentes, por desobediência de sinais, dados ao longo do caminho.

A  jornada de todo homem passa por momentos de semáforo, fases em que agente tem de sentar consigo mesmo e com Deus , buscando soluções, dialogando caminhos, revendo posturas, mudando alicerces e fazendo todo tipo de trabalho no campo de obras interior, esperando de todos os meios possíveis e pertinentes a resolução do conflito. Momentos de sinal amarelo.

Nos tempos de sinal amarelo a dor da dúvida lateja constantemente, de modo que  não sei bem se  eu : vou, faço, compro, inicio , digo, escolho e também se não vou, não faço, não compro, não inicio, não digo, não escolho ou se fico, se desfaço, se vendo, se termino, se calo entre  uma serie de outras alternativas.

No trânsito real é mais fácil de escolher, posso olhar, ouvir, analisar: tempo, velocidade, trajetória, numero de veículos e pessoas, direções… em síntese: consigo relacionar mentalmente com certa margem de segurança minhas opções. No trânsito da existência a coisa muda muito, porquê os dados muitas vezes podem ser poucos ou falsos, sou levado por opiniões, experiências, os assuntos são mais complexos e cheios de variáveis incalculáveis.

No trânsito agente lida com metal, cimento, pedra, luzes, vidro, plásticos e tantas outras substâncias que moldam os cenários.  Os seres humanos são como carne em bancada de açougue, intocáveis e geralmente envoltos de vidro, ferro e refrigeração. Você lida com essa coisa quase humana, uma relacionamento de piscar de olhos, conversa de elevador na melhor das hipóteses. No mais agente usa buzina, sinais, luzes e coisas bem primitivas mesmo, até pelo fato da relação ser de uma simplicidade e distância  tão grandes que a singeleza é a lei. Qualquer advento complicado frustra.

Na vida agente lida com vida, e dentro da vida agente encontra tudo, todos e nas mais diversas alturas, larguras, profundidades e tempos. Tudo se dá numa linguajem tão profunda que a maioria das coisas é dita por meio do uso de mais de um meio de comunicação. Falo, gesticulo, choro , pisco, muda minha face e junto com isso meu modo de olhar e andar e nos lemos uns nos outros essa comunicação tão densa.

Não envolve muito raciocínio ver que para se decidir em um e em outro é bem diferente.

No transito ,assim como na vida, um sinal vermelho desrespeitado pode custar muito alto, inclusive com o preço de vidas,  quantas vezes as consequências  de se negligenciar um fato, uma informação verdadeira, uma verdade sabida  ou coisa do tipo geram dores, perdas, e uma série de danos.

Não sei mas digo que sei, faço e quebro a cara.

Não posso pagar, compro e fico endividado e com nome restrito.

Não amo, caso e somos infelizes pro resto da vida.

Não gosto de certo curso/trabalho , estudo e trabalho frustradamente a vida toda.

Não sou uma coisa, digo que sou, vivo uma mentira.

Esses casos citados são coisas gritantes, fáceis de certo modo de serem visualizadas no processo da vida, casos de sinal vermelho são como a cor do sinal: fortes, marcantes e destacados.

No caso do sinal verde se não vou  posso levar uma buzinada ou vir a ser causa de acidente. Além do fato de que posso me atrasar e atrasar outros, posso perder chances e fazer outros perderem chances, ou seja, gerar todo tipo de contratempo.

Sinal é assim mesmo, agente ou presta atenção e obedece ou arca com os resultados.

Mas voltando ao caso do sinal amarelo piscando na vida, causando inquietação e dores de duvidas muito profundas, levando o sujeito  a acelerar de uma vez e tentar passar ou a freiar bruscamente e esperar o próximo sinal verde,(quando possível).

Na vida agente decide pelos dados que tem, age pelas verdades que conhece, tentando fazer o melhor com o que se tem, se esforçando pelos resultados desejados, tentando atingir os propósitos de nossas inquietações, andando pelo caminho que cremos ser o mais correto, contudo , isso tudo: cautela, prudência e ciência podem falhar. Agente freia errado ou acelera errado, acaba sofrendo, mesmo fazendo escolhas ponderadas.

Culpa de quem ?

A culpa é oque menos deveria interessar, o importante é : feriu alguém ? perdi algo ? onde estou ? por que fiz isto ?

A culpa aparece por sí só, mesmo não vindo a publico, o seu portados a reconhece logo de cara. A culpa não salva, no máximo indeniza, a culpa não regenera, no máximo reforma a culpa não ressuscita, no máximo paga o velório a culpa é névoa que não abraça nada e ninguém.

Todos perdidos na névoa tentando fugir uns dos outros e ao mesmo tempo encontrar alguém pra ser a morada da culpa, fazendo de tudo pra que o mínimo de cada um seja exposto e o culpado sorteado, nem sempre o de fato, pague pelo que fez.

Sinal amarelo é assim.

Escolher e viver são elementos inseparáveis, pode-se dividir um átomo e não se conseguir separar a vida da escolha e vice-versa.

O duro é a resposta de cada um a estes desafios, a hora do vamos ver e quando a vida te pega pelos ombros e num chacoalham violento de diz:

- eae meu filho, age, faço alguma coisa de uma vez por todas !!!

Uns correm ,(maioria), outros ficam, outros morrem e há os que usam outros.

Foi culpa de Deus, foi culpa da minha mulher, da minha  mãe, da minha infância, do meu cachorro e de todo o mundo, só sei que eu não me assumo responsável de nada.

Vida madura começa quando o homem reconhece nas árvores as sementes que plantou, aceita os frutos e aprende com cada um deles, sejam amargos ou doces. A grande frustração é esta mesma: a de se plantar uma coisa e querer colher outra.  A dureza da  realidade não pode ser uma coisa inaceitável. Muitos menos as meias verdades, como quem chupa cana querendo sentir gosto de pinga. Pior ainda as mentiras totais que fazemos verdades, aquele sujeito orgulhoso que come pimenta e chora pelo olho do ,… mas não pinga uma lágrima pelos olhos, o cara que vai ao velório da própria mãe e não se emociona, o cara que fica de cuecas na neve.

O daltonismo ataca muito os olhos das almas, junto com forte miopia e outras moléstias. O sujeito vai firme no amarelo, vendo verde, freia brutalmente no verde, crendo ser vermelho ou acelera a todo vapor no vermelho achando ser verde.

Pro trânsito existem mecanismos de eliminação da mentira, basta decorar a seqüencia das cores, piscou na posição tal, você já sabe qual  é.

Na vida isso é muito raro e extremamente subjetivo.

Se somos incapazes, parciais, feridos e doentes, então o correto é pedir ajuda. Se você vê bem o amarelo mas se confunde com verde e vermelho, ande com alguém que os discirna. se você não sabe todas as placas, peça ajuda. Se perdeu ? procure alguém.

Pelo sim e pelo e não.

Pelo que sei e pelo que  não sei.

Pelo que sinto e pelo que não não sinto.

Pelo que vejo e pelo que não vejo.

Pelo que quero e pelo que não quero.

pelo e pelo

Peça ajuda, se informe, se cerque de todas as condições possíveis para uma boa decisão. Não deu certo ?!

Não culpe os mecanismos ou pessoas, viva e responda as reações de cada escolha sua.

Isso se chama vida.

Pelo sim e pelo não.

Sempre pela vida.

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