sábado, 6 de junho de 2009

FARINHA DE FRITURA








Muito bom comer um belo bife à milanesa, ou , um filé de peixe empanado. Agente come sossegado e muitas vezes chega a finalizar o prato sem sequer ver a cor ou a textura do peixe, da carne, do vegetal etc.

O fato de comer sem olhar, de comer so vendo a casca, de acreditar que a farinha de fritura é o alimento em sua constituição; essa vida de engolir tudo, coisa corriqueira pra nós.
Fazer sem ver, falar sem pensar, adotar posturas precipitadas, se dizer coisas ser coisas que não é ou se dizer coisas que não se é, tudo isso, essa farinha de fritura que vai se apegando e grudando, secando e solidificando.
Como olhar de dentro de um acidente geográfico rochoso, verificar as diferentes camadas, cores e texturas de uma certa rocha, que foi feita por lento e contínuo processo de sobrepor camada em cim ade camada, gerando anéis que seputam muito no fundo a rocha que sustenta aquela estrutura criada pelo tempo.

O ser humano não é nada diferente. Somos expostos não só aos efeitos climáticos, geográficos e temporais, mas, somos também expostos dioturnamente ao processo de contato social, mental, afetivo, espiritual e muitos outros.
depois de tanto se expor, depois de tanta coisa que se acumula nessa jornada de pedra-humana, ficamos também amassados, sepultados, soterrados e ocultos debaixo de tanta coisa, que aparenta ser nossa, entretanto essencialmente em muito se difere de nós.
Como um navio no fundo do oceano, que ao passar do tempo, se enche de criaturas em seu interior e exterior, algumas se anexam ao corpo da nau de tal forma, que até causam a ilusão de serem realmente parte integrante do navio em sua origem.
Assim mesmo, na semelhança do navio, somos nós seres humanos. Sempre buscando adereços, sempre na agonia de adquirir, no devaneio de se entulhar de : coisas, experiências, pessoas , títulos ou qualquer que seja o adereço. Somos empurrados ladeira abaixo na corrida por "ser alguém ".

Agente morre. Verdade, não há quem suporte essa vida de anfíbio, de quem espera ser alguma coisa, aliás, nem o girino sonha emser sapo, ele se alegra no tempo de girino e naturalmente passa pra fase de sapo, mas, sapo sempre foi, sempre consciente de sua natureza e das fases da vida.
O nosso eu verdadeiro, nosso ser original, fica perdido entre vagas lembraças de infância misturadas a decepção de quem nos tornamos, ou, na melhor das hipóteses na ansiedade saudosista do retorno, da fuga, de se voltar a ser, a viver, a ver o mundo com aqueles olhinlhos singelos e desbravadores.
O navio sente falta de velejar, quer voltar à superficie, contudo, não consegue. Está perdido, atolado, coberto de vidas e vidas que foram se grudando e se multiplicando e se aglutinando. De navio resta um contorno muito dificil de ser reconhecido.

A saudade é da infância, pelo motivo de que foi nela a fase do verdadeiro eu ter vivido, a saudade é da infância, nela se foi feliz e completo e tudo era simples e divertido.Nada sabíamos, tuado aprendiamos. Não tinhamos opiniões ou posturas rígidas ou coisa do tipo.
Quando se tenta fazer um esforço enorme cerebral, na tentativa frustrada de determinar um marco de quando essas coisas começaram, não temos sucesso. A busca por mais intensa, dolorosa e cognitiva, gera o fato de conseguimos voltar ao momento em que as primeiras camadas do falso eu foram agregadas, no evento inicial em que fomos aceitando a cola, as penas, as lantejoulas e todas essas coisas que pareciam interessantes.

Quanto de nós já não morreu ? quanto não está perdido ? Como diferenciar a verdade de quem somos daquilo que fomos juntando pra nós como identidade ?
Oque é peixe e oque é só farinha de fritura ?
Essa é pisada na merda, de nós mesmos, que proponho hoje.

3 comentários:

aline disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aline disse...

hummmm
até pareço mais burra depois de ler esse texto rsrsrs
parabens amor, muito bom seu texto.
todos somos "peixes empanados" o bom é q na maioria das vezes escolhemos no que queremos ser empanados.
bjos
bonito texto

Unknown disse...

realmente, acho que esse blg dz tudo que sinto:)
talvez eu me encontre por aki..
e digo mais.. eu to soh a farinha. :/
bjo