sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O PÃO ETERNO

 

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22 No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que apenas um barco estivera ali, e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos. 23 Então alguns barcos de Tiberíades aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão após o Senhor ter dado graças.24 Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos barcos e foi para Cafarnaum em busca de Jesus. 25 Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram-lhe: "Mestre, quando chegaste aqui?" 26 Jesus respondeu: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais milagrosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. 27 Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem dará a vocês. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação".

Se Jesus nos dirigisse a pergunta: Por quais motivos vocês me procuram ?

Quais respostas surgiriam ?

Dentro das barreiras de nossa falsa santidade, e em especial, munidos de nossa justiça própria, a maioria de nós responderia algo que exteriorizasse nosso compromisso com a fé. E de um certo modo, pelo menos de maneira superficial, estaríamos dizendo a verdade, contudo, quais os motivos mais profundos ? Quais as raízes de nossas intenções ?

Tristemente, seríamos guiados pela conclusão de que: nossos corações desejavam o poder, a mágica, a facilidade, o abra kadabra divino em nosso favor, buscando um DEUS que é amor, perdão, misericórdia..bla, bla, bla Jesus, cadê minha benção ?

Minha família tem experiência própria nessa área, pois durante um bom tempo nós pregávamos o evangelho e oferecíamos um jantar, singelo, muita galinhada, muita costela com mandioca..( risos) e nós assim fazíamos, pois, naquele momento, era o correto a ser feito, mas, o Senhor nos sinalizou que o tempo das “jantinhas” havia passado, que agora era época de um novo modo de se fazer as coisas, de dar mais tempo ao culto, de realizar outras bondades, de direcionar as energias para outros fins.

E assim que os jantares pararam de serem servidos, muitos, digo muitos sem exagero, algumas dezenas de pessoas, na verdade, abandonaram completamente a nossa reunião e se afastaram da pregação do evangelho. Alguns, ridiculamente, chegaram a questionar minha mãe sobre os motivos do fim da comida.

O exemplo acima é bobo, porém, serve plenamente como meio didático para que uma verdade emerja: somos seres utilitaristas, cheios de falsas intenções, movidos pelos anseios da alma, e não é por outro motivo que: quanto mais a religiosidade se transfigure de movimento facilitador, doador, próspero, terreno, ou seja, quanto mais vier a atender nossos desejos superficiais, mais seguidores, mais fama, mais sucesso, e nesse mais e mais, DEUS menos e menos.

Não me espanta o chamado: povo de DEUS estar doente. Sim, já que raramente buscam curas interiores, quase nunca se dedicam à palavra como caminho de arrependimento, dificilmente sequer cantam um louvor sem a ânsia de um milagre pessoal.

Essas práticas aprofundam o vazio humano, separam o homem de seu próximo, alimentam medos, aninham solidões, tornam a alma uma buraqueira, fazem DEUS se parecer com o diabo, mudam nossa fé genuína em paganismo e fazem mal; muito mal mesmo.

Jesus está presente !

Que bom !

Bacana, mas, eu estou aqui hoje, DEUS, pra receber o que preciso.

E o altíssimo pede a um anjo que lhe traga papel e caneta, pois os seus filhos, doentes si mesmos, resolveram fazer culto, e a lista infinda de pedidos começou: Carro, casa, mulher, homem, promoção , dinheiro, doença...os motivos são os mais amplos e malucos possíveis.

Uma vida de pão, que perece, que acaba, que se rouba e que vai contra tudo o que é eterno.

O caminhar com Jesus deve ser feito com verdade, sem pretensas aspirações, livre de maquinação, maniqueísmos, e liberto do desejo de usar DEUS como pó mágico.

Seguir Jesus já é fascinante por si só !

Galinhada é coisa boa, melhor ainda é se fartar de DEUS.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A vida e o pé.

 

Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? João 13:4-12

E a pergunta de Jesus ecoa até os dias de hoje : Entendeis o que vos tenho feito?

E você, entendeu?

Lavar os pés uns dos outros é simbolo de humildade, de aceitação, é maneira de dizer, de modo cruento, que compreendemos, que apesar de sabermos que fomos limpos, que fomos lavados de corpo, de existência, ou seja, que o perdão nos alcançou por inteiro, é, no mínimo, inevitável que os pés, nossos veículos no Caminho da vida, se sujem.

E o nível da sujeira muda, tipo de sujeira muda....

A nós não cabe perguntar: os porquês, as configurações e nem nada! Lavar os pés é ato silencioso.
Deus nos deu um caminho individual, com sujeiras diferentes, que são agregadas, grudadas, mas, que não são quem somos; na mais exagerada das hipóteses: testemunham por onde andamos, contudo, de corpo estamos lavados.

A poeira dos pés da vida, as terras do coração, cheiros de chulés pecaminosos, unhas encravadas na alma, angústias, amarguras, dores...tudo isso gruda como sujeira, entretanto, temos um Cristo, equipado com bacia, água e tolha, pronto a lavar o pó. Como é penoso nos aceitarmos, tanto a nós mesmos quanto uns aos outros, como é difícil não fazer juízos, não comparar quem está mais ou menos

sujo...
Me lave, Pai !

Me perdoe de tudo quanto seja pó, poeira minha, da qual a serpente, desde o princípio se banqueteia...me limpa os pés, cansados, poeirentos, feios, cheio de calos, cheio de minhas estradas, de minha história, cultura, valores, condicionamentos...

O Senhor é quem lava-me, e só você é quem sabe de onde saiu cada grão de poeira, insígnia da poeirenta trilha por que passei.

Sim !  Sim, Pai, hoje, nesta madrugada solitária, eu compreendi um pouco do que o Senhor me fez.

Lave, por favor, a vida e o pé.




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