segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O DNA DE CRISTO, SEGUNDO O EVANGELHO.

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5 E vieram à casa; e concorreu de novo tanta gente, que nem mesmo podiam tomar o alimento. — E quando isto ouviram os seus, saíram para o prender; porque diziam: Ele está furioso.  E chegaram sua mãe e seus irmãos, e ficando da parte de fora, o mandaram chamar. — Estava sentado à roda de um crescido número de gente, e lhe disseram: Olha que tua mãe e teus irmãos te buscam aí fora.— E ele respondeu, dizendo: Quem é minha, e quem são meus irmãos? — E olhando para os que estavam sentados à roda de si: Eis aqui, lhes disse, minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe. (Marcos, III: 20-21 e 31-35 – Mateus, XII: 46-50).

O texto dos evangelhos de Marcos e Mateus fazem uma revolução no que diz respeito ao critério de filiação com Deus, quando Cristo inverte, claramente, as formas de se considerar alguém como irmão e mãe, pois, uma vez que os irmãos e mães de Cristo são os que fazem, que cumprem, que seguem e não os que dividem o mesmo traço genético, logo, torna os laços da família de DEUS diferentes dos usuais.

Há quem interprete, na cena acima narrada,  uma espécie de grosseria por parte de Jesus, principalmente por questionar, em público, quem seriam seus irmãos e sua mãe, estando os irmãos e e a mãe, físicos, presentes fora da casa, contudo, não foi com agressão que ele fez a pergunta, mas, com intuito de gerar nos corações inquietações sobre os elos que unem  DEUS e os homens.

Interessante notar que a despeito de uma relação de parentesco física, carnal, histórica, há em Jesus uma outra leitura sobre quem seriam os verdadeiros parentes de Deus, implicando em uma abordagem no mínimo nova sobre parentesco. No evangelho não existem garantias de pedigrees, genéticas ou sindicais, de modo muito simples é que se estabelecem as conexões familiares, usando como meio de ligação apenas o fator da realidade da vida. O evangelho ignora tempos, raças, religiões, origens e quaisquer outras categorias humanas de estratificação ou separação das pessoas.

No evangelho eu sou irmão de incas, japoneses, hebreus, negros, católicos, budistas e muçulmanos, me irmano a quem já morreu, quem comigo é contemporâneo e inclusive com quem ainda há de nascer, uma vez que o critério é o da prática na vida, dos valores do evangelho, desse modo, não há proibições a que se irmanem os mais diversos tipos de pessoas. Desde que o fio que as una seja a da prática do evangelho.

No evangelho não basta saber ou mesmo se dizer filho de DEUS, visto que a maneira como o DNA divino se instala em nós é só uma: “Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe.” E em assim sendo, o céu se enche de cores, línguas, diversidades e se transforma numa rica sopa de graça que abarca desde os mais primitivos ajuntamentos humanos até os mais avançados tipo de civilização. Jesus quebra qualquer tipo de “reserva de mercado” e deixa claro que o céu é povoado pela gente dele; venham de onde vierem. E quem quer que tenha se aparentado em graça com Cristo é quem povoará o porvir.

Eu, pessoalmente, considero tal fato lindo. Pense bem no quão amplo, fácil e maravilhoso é o fato de Jesus abarcar toda a humanidade na possibilidade da salvação. Imagine só: encontrar egípcios , fenícios, laocianos, ugandenses, russos, indianos, iraquianos e quem sabe até alguns argentinos ( risos) que do Jesus, histórico, nunca ouviram falar, mas que na vida foram pessoas de Deus, amáveis, boas, piedosas e como parentes de Cristo viveram suas vidas.

Aí surge a dúvida do que venha a se a prática do evangelho, e a prática dele se dá no amor, e é tarefa que se constrói na simplicidade, na singeleza de corações que fazem aos outros aquilo que gostariam que os outros lhe fizessem. Lei de troca equivalente, eu dou aquilo que desejo receber em troca, eu faço aquilo que desejo que me façam...

Se tenho sede, desejo água, portanto, se encontro bocas sedentas pelo caminho cumpre-me saciar a sede deles.

Se tenho fome, desejo alimento, portanto, se encontro estômagos vazios é meu dever fartá-los.

O mesmo vale para frio, dor, solidão, doença, perdão e qualquer que seja a situação humana.

Inclusive, devo ser gente boa com quem não é gente boa comigo, visto que eu não fui gente boa com Deus para que ele tenha sido gente boa comigo. O bem que os irmãos e mães de Deus praticam vai além da circunscrição familiar. Atinge a toda e qualquer gente.

Que seja no chão da vida, na factualidade que comprovamos, em amor, nossos mais profundos e ternos laços de sangue com aquele que primeiro nos amou; que seja o nosso dna o mesmo dna de Cristo, segundo o evangelho.

2 comentários:

LEONARDO BRITO disse...

Com toda certeza desse mundo, o titulo do texto faz valer o que fora escrito, isso traduz de forma linda a familia de Deus, os laços que nos une e principalmente, a repercussão disso!!! Profundo cara...

Unknown disse...

Muito bom!
Assim q eu gosto, a verdade em palavras simples e de facil entendimento.
Parabens.