sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MILAGRES MIL.

O ESPÉTACULO SILENCIOSO DAS MÃOS DE DEUS.

Tu, que fazes sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes.Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede.Junto delas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras.Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão, E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem. As árvores do SENHOR fartam-se de seiva, os cedros do Líbano que ele plantou, Onde as aves se aninham; quanto à cegonha, a sua casa é nas faias.Os altos montes são para as cabras monteses, e os rochedos são refúgio para os coelhos. Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso. Ordenas a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animais da selva. Os leõezinhos bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento. Nasce o sol e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis. Então sai o homem à sua obra e ao seu trabalho, até à tarde. O SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas. SALMO 104: 10-24.

O texto acima é de uma beleza imensa, o salmista conseguiu de DEUS  sensibilidade que o capacitou a compor um salmo que além de belo é cheio de significado. O salmista viu o que muitos de nós não conseguimos mais ver, discerniu aquilo que nosso entendimento se engessou para compreender. Falo da habilidade de identificar milagres.

Identificar um milagre pode parecer coisa simples, mas não é ! Na verdade, quanto mais o coração é frio, distante e ausente de DEUS mais  dificuldades o indivíduo terá para vislumbrar um milagre vindo de DEUS. Não foi por acaso que os fariseus pediram a Jesus um sinal, pois, apesar de estarem inundados de milagres e feitos extraordinários, eles desejavam uma prova dos sete, um sinal que pudesse converter os seus corações incrédulos.

Não é por acaso também que Jesus em suas parábolas e pregações constantemente cita o tema da criação, prega usando o exemplo de pássaros, plantas, eventos naturais fazendo da natureza uma verdadeira sinfonia miraculosa e didática.

E é possível citar uma infinidade de exemplos de milagres vindos da parte de Deus, sem que para isto seja necessário usar de curas, manifestações espirituais ou coisas do tipo.

O diferencial entre o Cristo que em tudo apontava milagres e dos fariseus que pediam sinais é o olhar.

Sim, o olhar viciado dos fariseus de um lado e o olhar liberto de Cristo de outro. O fariseu via os mesmos animais, as mesmas plantas, o mesmo céu que Jesus via, até pelo fato da fenomenologia animal, vegetal, cenográfica e climática ser a mesma, entretanto, só os olhos de Jesus eram capazes de ouvir a voz de Deus nos trovões, de entender que quem cuidava dos pássaros era Deus, de contemplar em cada espiga de trigo um troféu de graça e amor da parte de Deus.

E assim como o olhar dos fariseus estava contaminado, também o nosso está. Infelizmente somos os que vivem a pedir um sinal do céu, ignorando a abundante e absurdamente rica manifestação miraculosa de Deus ao nosso derredor.

Como a cegueira da ingratidão tomou conta dos nossos olhos !

Todos os dias o sol nasce, de modo novo, dando um espetáculo que nunca antes fora visto e que nunca mais será, visto que o sol é um artista com profundo comprometimento de inovar seus espetáculos, além disso há o milagre das sementes que germinam no calar da noite, soltam brotos, como num berçário universal, bilhões de novas plantinhas nascem, sem choro que nos seja audível, sem rojões que lhes recebam com boas vindas à nova vida na terra que as germinou.

Todos os dias os rios correm para o mar sem que ninguém tenha que lhes ensinar o caminho, aliás, o problema de muitas enchentes é justamente o problema de rios que foram roubados de seu caminho natural.

O tempo dos milagres, no entanto, está atingindo seu fim. Cada dia mais a natureza responde às agressões que o homem causa despreocupadamente, cada dia mais os rios se revoltam, os ventos sopram mais fortes, doenças novas surgem, mares produzem mais tsunamis e o solo mais terremotos, deslizamentos e todo tipo de catástrofe.E a tendência é piorar.

Há quem diga que isso tudo seja ira de Deus. Eu prefiro acreditar que na verdade é pura relação de causa e consequência, que na verdade estamos colhendo aquilo que nossa sociedade doente planta há pelo menos 3 séculos.

São nossos carros, nosso consumo exagerado, nossas cidades, estradas, usinas, garimpos…

E é por isso que não vejo a ira divina; muito pelo contrário. O cenário se monta com um Deus que ,cheio de graça ,continua a fazer milagres e com uma geração que devora, impiedosamente, toda a saúde de um planeta inteiro.

Estamos violentado a nossa própria casa, esquecendo que também somos animais, que comemos da terra e não da Microsoft, que respiramos ar e não perfume, que bebemos água e não coca cola, que as árvores servem para muito mais do que papel, que os rios são moradores muito mais antigos do que nós nessa terra, logo, têm direito a plena propriedade de seus cursos naturais e por aí vai.

Fica martelando na minha cabeça o grito irreverente de Macunaíma:

- Muita saúva e pouca saúde nos vales do Brasil há !

Pobre Macunaíma, mal sabia, que em breve nem mesmo saúvas nos restariam.

Nós que não damos valor aos mil milagres que a cada momento a misericórdia de  Deus insiste em nos dar.

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