sábado, 4 de dezembro de 2010

AMOR AO DINHEIRO, DÍZIMO E OUTRAS MAZELAS

AS DINÂMICAS E OS DESAFIOS DOS FILHOS DE DEUS E DOS FILHOS DA GRANA.

Dízimo, de longe, é um dos temas mais controversos do evangelho. Primeiro, pelo fato do dízimo ser instituto ligado à antiga ordem sacerdotal dos levitas, segundo o velho testamento, e era um modo de ajudar, manter e patrocinar a atividade  religiosa judaica executada pelos levitas, clã que não possuía bens e nem terras para se sustentar e que recebia das outras 11 tribos de Israel um equivalente a 10% do que produziam. Ocorre que a ordem levítica acabou, virou história e de realidade passou a referência bíblica, dessa feita, as leis, que antes faziam um certo sentido, perdem força, sentido e validade quando as comparamos com a temática social e religiosa fora da circunstancialidade hebreia.

Ainda assim existem, aos milhões, os que zumbificaram o dízimo, tentando imprimir certa legitimidade na questão financeira dentro dos templos. Assim, o dízimo foi ganhando roupagens cada vez mais e mais malucas, até chegar no estágio em que vivemos hoje; digo, o estado de comércio de bênçãos.

Sim, o dízimo assumiu um papel de crédito bancário entre DEUS e os homens, tendo nos templos e nas mais diversas instituições uma agência que o representasse, não só virou doença, advinda da esfera legalista, já sem vigor, do pentateuco, como se expandiu em direções nunca antes visitadas.

O dízimo cresceu, entrou em metástase e virou um monstro devorador de esperanças…

São milhares, senão milhões de corações aflitos que diuturnamente dão de comer a esse bicho, na esperança de assim agradarem a DEUS, alcançarem certa graça, ou simplesmente “pagar” a DEUS as dívidas pecaminosas com dinheiro para igrejas. Gente que vê no dízimo um consorcio, uma barganha, uma fuga ou até mesmo uma promessa, enfim,  qualquer outra coisa de natureza egoística.

Interessante notar que na temática do novo testamento o dízimo e a oferta, assumem um papel de natureza assistencial, ou seja, serve, quando for o caso, deve ser destinado à: ajudar viúvas,órfãos, doentes, gente necessitada como um todo.

E quanto mais cresce a receita bilionária dos dízimos, mais cresce o número de mendigos, de viúvas, de doentes, de prisioneiros, de gente com fome, sede, frio, abandono sem receberem da igreja ou dos filhos do dízimo qualquer ajuda. O dízimo de hoje tem aspirações narcisistas, se transforma em templos suntuosos,equipamentos caros, canais de televisão, aviões particulares e uma série de outras bugigangas que são compras com o dinheiro, supostamente, dado a DEUS, mas que acaba sendo usado pelos seus  “representantes” aqui da Terra.

Será mesmo, meus caros e amados leitores, que tijolo ficou mais importante do que pão, que remédio vale menos que aparelhagem  de som e iluminação ?!

A igreja perdeu o foco e trilha um caminho inadequado, ignorando emergências humanas e dando prioridade à questão patrimonial, se tornou auto-referente e maniqueísta.

É bom lembrar que no evangelho o chamado é para as coisas imateriais, para a vida eterna, a paz que excede todo conhecimento, o amor incondicional, o perdão, a graça…Não há um chamado de natureza empreiteira, construtora, edificadora de templos ou de qualquer estrutura material; o chamado é para erigir edifícios vivos, humanos e com coração.

Desde quando é papel do discípulo de Jesus, ou da Igreja erguer grandes torres ?

Isso é coisa de homens, de babel, de quem usa do nome de DEUS para realizar projetos pessoais e teor megalomaníaco.

Nosso chamado não era, inicialmente, ligado à: ajudar, amar, reconciliar, curar… ou eu estou lendo uma versão diferente da bíblia ?

O Samaritano ajudou o desconhecido, mas o escriba e o fariseu, que davam dízimo até da mostarda, deixaram o moribundo largado no deserto; cena narrada nos evangelhos de Mateus e Marcos. Uma fiel imagem da atualidade da igreja.

Quer dizer então que não é pra dar dízimo ?

Sim, não há mais comando legal, obrigatoriedade, nem dever de se dar o dízimo, aliás, nem mesmo configuração social ou institucional, que faça o dízimo se tornar sequer lógico, existe mais. Essa é a hora em que os “pão-duro” e os apaixonados por dinheiro se alegram imensamente !

No evangelho eu sou chamado a ajudar sempre que for preciso, agente esquece o modo de pensar, numérico ou organizacional, ignora critérios de dias, locais, momentos, valores e porcentagens e passa a encarar a vida como um eterno momento de ofertório. De tal maneira que se passa a enxergar na vida das pessoas os verdadeiros gazofilácios( caixa de colocar o dízimo)  de DEUS, e ajudamos segundo a necessidade, não segundo o percentual dos dez, cinco, um ou vinte…

Os que se achem em situação de necessidade: viúvas, desempregados, órfãos, pedintes e as crianças de ruas se transformar nos diáconos que recolhem as ofertas, que se tornarão em marmitas, cobertores, remédios, fraudas e também em passagens, bebida alcóolica , cigarros e tantas outras coisas, que independentemente da aplicação que a pessoa ajudada  dê, o coração de quem deu, se deu com alegria, já operou o bem e segue cumprindo o mandamento do amar ao próximo como a si mesmo.

No evangelho não há dotação orçamentária, nem verba pré-destinada a nada…existe: gente, necessidades e oportunidades práticas diárias de ser povo de deus ou povo da lei.

Eu desafio você a dar seu dízimo, pelo menos de 1 mês, de modo livre e independente de regras, normas ou projetos…Pague a conta de alguém muito endividado, dê comida a quem tem fome, distribua roupas e cobertores,  dê fraldas para as mães carentes…

Eu duvido que se você fizer tais coisas, de coração, Deus não se faça muito mais nítido a você depois da experiência. Mais nítido como o DEUS que sacia a fome, que mata a sede, que visita, veste, cura…

Acontece, que o dito povo do Deus, se enamorou demais da grana, se promiscuiu com o poder e as regalias do tempo presente…O dízimo se tornou investimento. E é feito na certeza de que os valores confiados a DEUS, pela igreja , serão declarados como pontos, a serem usados na milhagem humana.

E não era para ser assim

Não dá mais, se  tornou insustável e não adianta ficarmos tentando curar esse paciente terminal com band –aids ... .

O dinheiro se tornou DEUS na vida de muita gente, que acredita estar adorando a Jesus, mas na verdade adora Mamon.

Que o nosso coração seja liberto da sedução do dinheiro e que nossa esperança não esteja presa no quanto ganhamos ou quanto pagamos à Deus, que a nossa fé seja pura e simples e liberta de qualquer forma de negociação com DEUS, que a obrigatoriedade e o peso do dever saiam do nossos corações e  que assim, nossas mãos e corações nunca neguem ao necessitado a ajuda que tanto necessita, que possamos ser gente de DEUS na Terra, filhos segundo a natureza do pai de misericórdia…

Que o pai tenha misericórdia e nos liberte  do amor ao dinheiro, do dízimo e de outras mazelas.

4 comentários:

Elilian Kelly disse...

- Nossaaa sem palavras com esse seu texto hein primo.
Outro dia estava mesmo a pensar sobre o significado do dizimo, e minha conclusão foi a mesma que a sua; perdemos o sentido do que é o dizimo. Pois ao invés de ajudarmos o necessitado estamos levantando templos, fazendo festas enormes, cheia de gente comenda de graça, quando na verdade o nosso próximo está morando na rua e comendo de nada.
"não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita."
Mto sábio o seu desafio. Realmente o verdadeiro dizimo deve gerar mudanças no templo, mas no templo em que Deus habita e nao naquele que os homens habitam.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
neusa disse...

ESTOU MARAVILHADA COM ESTAS PALAVRAS,VEIO NO MOMENTO CERTO PARA MINHA VIDA ESTAVA QUERENDO DAR O MEU DIZIMO FORA DA IGREJA,MAS FICAVA PREOCUPADA SE ESTARIA AGRADANDO A DEUS,SUAS PALAVRAS ME AJUDARAM MUITO,QUE DEUS POSSA CONTINUAR TE USANDO DESSA MANEIRA.

Marie Fernandes disse...

Isso acontece por onde olhamos, próximo a minha residência contei 8 instituições "ligadas" a DEUS e pasmem, em uma delas, frequentada por um conhecido o pastor intimida as pessoas afirmando que não se pode negar o que é de DEUS, pois ele fica bravo e toma tudo o que você possui... Achei um ABSURDO e uma COVARDIA! Então o que está acontecendo com o MUNDO?!