quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SER , PARECER E FAZER

A DIFERENÇA ENTRE O FAREISEU E O SAMARITANO.

(Lucas 10, 30-37) "Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, e com todas tuas forças; e teu próximo como a ti mesmo. Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semi-morto. Por acaso descia pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita descia pelo mesmo caminho; chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Passava por ali um samaritano, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre o seu próprio animal e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta te pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo.

A parábola do bom samaritano é uma lição simples, clara e irrefutável acerca da religiosidade, feita para fora, esquizofrênica e auto-referente e a pureza de quem faz o bem como manifestação do dom de DEUS na TERRA.

O fariseu é o arquétipo da religião que tudo sabe, tudo entende, tudo segue, mas que ignora o fundamento, o princípio a rocha maior que qualquer outra rocha, ou seja, há prática de religiosidade, contudo inexiste verdade nos atos. De que adianta: status, conhecimentos, práticas e aparências se de outro modo o ser se comporta quando o assunto é amor ao próximo ?

O fariseu sou eu !

O fariseu é todo aquele que já olhou pra si e enxergou bondade, santidade, pureza e divindade …

O fariseu sou eu !

O fariseu é aquele que já viu a necessidade e nada fez, que ignorou DEUS no chão, na rua, na pobreza, com sede e com fome, nú, doente e preso… passou ao largo, desviou-se da cena horrenda do sangue, do espancamento, da solidão e da fragilidade humana.

O fariseu sou eu !

Que ignora mas que ora, que não ajuda mas cultua, que não atende mas prega,…

O fariseu é o ícone de toda religiosidade morta e sem efeito. É um resumo de tudo quanto se deve evitar. O fariseu parece, entretanto, não é !

O samaritano não parece, não se sabe santo, nem religioso, nem nada…o samaritano é uma formiga existencial, é o outro, menor, fraco, ignorante, impuro, não salvo e não merecedor de DEUS.

O samaritano no entanto é!

Eu queria ser samaritano…

Andar pelo caminho usando de meus recursos para fazer o bem, inclusive meu dinheiro, meu vinho e meu azeite..

Eu queria ser samaritano..

Andar na consciência simples, pura e burra do evangelho, não que o evangelho seja burro, mas eu sendo burro, desconhecedor, mesmo assim o pratico, pois eu sou evangelho, sou bondade, sou misericórdia e mesmo assim me vislumbro na plena certeza de o fariseu está certo.. eu nada sou e de fato não mereço favor nenhum de DEUS…

Eu queria ser samaritano…

E poder dar sentido a palavra: próximo, sendo o próximo do meu próximo, amando a DEUS e não mentindo no meu amor, pois, amaria a DEUS amando a humanidade e dela me compadecendo, enamorando, pacificando e sendo boa nova viva, todos os dias.

O fariseu faz quando alguém está olhando, toca trombetas para anunciar suas caridades e doações, e a despeito de fazer, faz apenas para aparecer!

O samaritano faz quando não existem olhos, quando não há beleza, no sangue, na isolação do deserto, sem testemunhas, sem créditos, sem sons, sem agradecimentos, sem méritos; faz pela naturalidade com que contempla a vida, faz por que é !

Eu vivo cambaleando entre o farisaísmo e a verdade, mas de uma coisa eu sei: arde, em meu coração, o desejo, que não vem de mim mesmo, de cada vez mais me apaixonar pelas carências de DEUS na Terra. De ser: paz, longanimidade, justiça, amor, misericórdia, paciência….e fazer, agir, ser mais próximo do meu próximo.

Que DEUS tenha piedade de minha vida e me liberte do  parecer, e me faça ser no meu fazer.

Vai, e faze tu o mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu queria ser samaritano, mas sou mais fariseu do que samaritano. O Fariseu se olha e se diz são, e olha para os outros e os vê doentes (quantos conheço e me conheço desse jeito), daí não precisam de médico. Quantos dizem ter muito conhecimento e não conhecem de fato muita coisa, tem só o conhecimento vazio e vivem uma vida triste. Quantos vazios de alma. O pior que já afundamos tanto nessa realidade que até a volta é somente por graça e pela intervenção de Deus no nosso meio, ainda assim ficamos como Pedro, com Deus mandando matar e comer e nós dizendo do outro lado, Deus me livre disso, jamais, eu não desse tipo de gente. Vivemos um momento da pregação do sectarismo, da divisão, da exclusividade, da possessão, do ter e de não ser. Como diz o João Alexandre, poeta e profeta, ali é o lugar ideal para quem quiser se esconder e ser mais um na multidão. Abraço Diegão. Adriano

LEONARDO BRITO disse...

Graças a Deus pela formiga existêncial!!! =D