quarta-feira, 14 de abril de 2010

BARRO NAS MÃOS DO OLEIRO

ENTRE A POESIA DA OLARIA E A VERDADE FÁTICA DO DIA-A-DIA.

Quero ser barro nas mãos do oleiro, quero ser moldado, quero isso quero aquilo. A lição do Deus oleiro moldando o homem barro, vive de uma constante e incansável repetição, e mesmo que seja exaustivamente contada, continua a ser ignorada cada vez mais.

Primeiro porque a mensagem que o oleiro passa, comumente, é entendida como um convite insosso e sonolento a entregar nossas vidas nas mãos do oleiro. Chatice.

Segundo porque existe a dúvida do que seria entregar a  vida nas mãos do oleiro.

A vida de barro nas mãos do oleiro nada tem de sem graça, parada ou morocoxô, a bem da verdade permanecer como barro: fresco, mole, maleável, hidratado e receptivo ao trabalhar das mãos do oleiro é um desafio diário que atenta contra as noções mais primitivas da natureza humana.

Quem é que aceita ter a vida controlada ?

Quem é que gosta de ser mudado e moldado ao bel prazer do outro ?

Quem é que está disposto a entregar em mãos alheias os cuidados para com a própria vida ?

É bonito, poético, cristão e politicamente correto o jargão do oleiro, difícil é quem o leva às ultimas consequências.

O barro nas mãos do oleiro pode ser uma visão romântica para os olhos menos sagazes, entretanto, só o oleiro e o barro sabem bem quantos: solavancos, pancadas, giros, apertos, tapas e pressões ocorreram até o presente momento.

Ademais nós temos a horrível tendência de nos entendermos como obra terminada, trabalho completo…quando na verdade o trabalho nunca está completo, a obra nunca está terminada.

Os que se arriscam a deixar as mãos do oleiro, encontram certo conforto, não sendo mais sacolejados de um lado para o outro, mas, esquecem-se de que é ali, nas mãos do oleiro, que existe: água, frescor, movimento, cuidado e constante aperfeiçoamento.

Quem se distancia das mãos do oleiro está fadado a secar, endurecer, ser queimado..

A vida é um dom divino, e pode ser tratada como momento eterno de parceria entre nós e DEUS, e também pode ser encarada como momento solitário, auto-referente e egoístico, em que eu vaso, não sou mais barro, sou vaso, pronto a ser utilizado, comercializado, alienado e perdido.

A vida de barro é vida de quem entendeu que sua vida é melhor cuidada nas mãos do oleiro, é visão de mundo diferenciada, é pacificação completa do ser, aceitação de que existe mais riqueza nos céus do que na terra, compreensão profunda que de que em nós não existe virtude ou força que não tenha sido delineada pelo saber do ETERNO. O barro é tomado constantemente pela consciência de eterna gratidão ao seu Deus oleiro.

Quem é barro confia que nunca lhe faltará oque comer, beber ou vestir, e a despeito do que muitos digam, entende que a prosperidade é um estado de espírito e não um relatório contábil.

Quem quer a vida de barro nas mãos do oleiro?

Ainda na sociedade consumista e superficial em que vivemos.

Decida-se hoje, resolva com toda a sinceridade do seu coração, se você realmente deseja a vida do sacolejo, do aperto, do gira-gira ou se quer a vida de vitrine, de exposição, de compra, venda, troca e comércio.

faça a escolha:

ENTRE A POESIA DA OLARIA E A VERDADE FÁTICA DO DIA-A-DIA

2 comentários:

Elilian Kelly disse...

- Caraca primão q texto hein.. gostei mto!
Como a biblia diz: Aquele q começou a boa obra em nossas vidas não terminou, mas aperfeiçoará até o dia de Cristo. Fl 1.6
Então enquanto estivermos nessa terra estamos sujeitos aos moldes do oleiros, e com certeza não é prazeroso ser moldado, mas o é pensar que tal molde serve nada menos para que sejamos mais parecidos com Ele mesmo o que só nos tras beneficios. Então mesmo que doa ou as vezes machuque, prefiro ser moldado a ocupar um lugar de "perfeição" e por dentro esconder sofrimento e podridão.

Anônimo disse...

" Se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial..." Esse é o oleiro. Como posso não me entregar a ele? como posso fugir da doce presença daquele que me atraiu com tanto amor? Quando entendo a verdade do Pai que ama e conheço esse Pai, que me ama muito mais do que eu amo meus pais, ou amo meus filhos, e que eu ainda mau, pois bom é Ele, quando creio nisso, me entregar nas mãos do oleiro é um doce prazer, é uma delícia, é lugar de confiança, é produção na alma da doçura proveniente daquele que é todo amor, é paz para a alma, é descanso, é crescimento, é amadurecimento, é desenvolvimento de graça na vida, é manifestação de misericórdia para voce e em voce.
Só quem não entende essa verdade pode ficar com medo de se entregar as mãos do oleiro realmente, com receio de que ele faça em você algo que não quer, ou se intrometa em áreas que você não admite.
Como disse o poeta: "Quem sou eu pra não ver?
Quem sou eu pra não crer?
Quem sou eu pra detê-lo em meus limites?
Quem sou eu pra mudar?
Quem sou eu pra fugir?
Quem sou eu? Diante dEle quem sou eu?

O Seu querer sempre há de ser o melhor.
Meu coração sempre há de ser seu lugar."
Que eu possa ser barro maleável nas mãos do oleiro.

Grande inpiração Diegão. Abraços Adriano.