Eu sou fã dos Beatles. Desde a adolescência e até os dias de hoje, quem me pergunta sobre minha banda preferida sempre ouve a resposta: The Beatles !
E eu, sinceramente, acho muito pouco provável que um dia eu vá mudar essa opinião.
Eu ouço as músicas e penso, penso muito na vida .
O triste dos Beatles é que eles acabaram, e isso foi antes da morte do John.
Acabou não pelo fato da Yoko ter separada a banda, nem por causa das chamadas :” coisas novas “ que geravam divergências entre os besouros.
O fim veio por causa da desesperança, veio quando o motivo que os fazia tão especiais e emblemáticos morreu.
Morreu pela fama, pela ganância, pelo medo, pelo cansaço; o próprio John escreveu algumas cartas ao Paul alertando-o sobre os perigos do amor ao dinheiro.
E daí, hoje em dia eu vejo o Paul nas turnês dele, correndo de um canto para outro, cantando, encenando, fazendo aquele papel de rebelde, mesmo nos seus 70 anos de idade.
E por mais que ele pule, grite, e erga bandeiras politicamente corretas, no fundo, todo fã de Beatles sabe que aquilo não passa de uma sombra, um resto de banda, um fim de tarde para o que já foi o sol do meio dia em Cuiabá-MT.
E eu vejo o evangelho nisso...
Tanta gente bacana que começou bem a carreira na fé, muita certeza, paixão, comprometimento, simplicidade e acima de tudo um zelo para com a verdade do evangelho, quase que um extremismo saudável, como o de Jesus quando deu uma sova nos petistas do templo, ops quero dizer nos vendilhões do templo.
Mas o tempo passou, e com o tempo veio a experiência, o conhecimento, os dons, os ministérios os cargos e aquilo que um dia era compromisso de alma se tornou agenda apostólica, meta a ser atingida.
Tudo virou planilha, cronograma, lotacionograma...
E Jesus ficou longe, deixamos ele para trás porque ele andava devagar demais, fazia paradas demais, ia aos lugares que eram comprometedores demais...
Reformamos o evangelho e Cristo, retiramos os episódios com prostitutas, gadarenos, pobres e principalmente quando se subvertia a ordem das coisas e das autoridades.
Colocamos no lugar um Jesus com mais cara de político; sorrindo, bem vestido, corado, bonito e claro, muito, mas muito mais diplomático que o modelo original.
Tudo diferente, vendido, negociado, copiado e infelizmente: em carreira solo.
Deixamos a harmonia da música do espírito santo, os acordes do amor de Deus e a precursão de Jesus, partimos para um caminho só nosso, com nossa cara e nossas devassidões tão nossas e tão inegociáveis. Ringo sempre foi o patinho feio dos 4 Beatles, um besouro menor, menos brilhante..
Mas eu troco um Paul velho por um Ringo novo.
Assim como Jesus trocaria a maioria de nós pelo nosso começo.
O caminho de fé é cheio de tropeços, mas os maiores deles são: os holofotes, a grana, o poder, a fama, as oportunidades, as garantias, as honrarias...
Que venham os espinhos, as pedras, as dores, a areia entre os dedos, o sol forte, o vento seco e quente, a fome, a sede...Tudo isso nos mantém acordados e com o coração grato.
Que o nosso Senhor nos livre da falsificação de nós mesmos, que nos guarde do coração altivo, que nos conserve cientes de quem somos e de quem Ele é pra nós.
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