segunda-feira, 14 de junho de 2010

UM CULTO INESQUECÍVEL

A CATEDRAL PLANETÁRIA.

Não é de hoje que eu sou um apaixonado, amante e observador da natureza. E devo admitir que, quanto mais eu aprendo sobre o mundo natural, mais vejo DEUS, e quanto mais vejo DEUS mais amo o mundo natural. E nesse ciclo virtuoso, eu  fui agraciado por diversas vezes com: vistas de tirar o fôlego, águas cristalinas, pássaros das mais diversas, cores, tamanhos e cantos…

De modo que não caberia nesse blog todas as maravilhas que já tive o privilégio de presenciar.

Ultimamente tenho ido com freqüência ao rio Paraguai, seja para pescar, remar ou simplesmente observar a grandiosa glória de DEUS.

Pode soar como heresia, mas, eu me sinto muito mais em comunhão com DEUS no meio da natureza do que num banco de igreja. Nada contra os cultos. O fato é que o silêncio, a calma e a perceptível presença de DEUS me são mais prazerosas no ambiente natural, do que nos templos.

No meio do rio, em cima de uma montanha, caminhando no mato, nadando no mar …seja qual for o ambiente, é delicioso ouvir o louvor do silêncio e ser confrontado com a verdade de que eu não sou nada, de que eu não tenho todas as respostas, de que sou finito, fraco e totalmente dependente da graça e misericórdia de DEUS.

Uma consciência de união, com as criaturas que me rodeiam, se concretiza, e aprendo com os pássaros, que do mesmo modo que eu, dependem da misericordiosa mão divina para se alimentar.

Nos cultos feitos na catedral da criação, as pregações não tem início , meio e fim, nada está preso a sincronias, regulamentos, normas ou rituais. De repente no meio do culto, há morte, vida, celebração, sangue e água…

Numa liturgia insana aos religiosos, mas que a despeito de sua falta de metodologia, torna tudo  mais fácil, claro e simples…

Os luxos perdem o sentido e adquirem um ar cômico, as metas de sucesso se transvestem de possibilidades e deixam de lado o ar de obrigatoriedade. Tudo fica mais cheio de vida e luz, como se um véu caísse e os olhos pudessem ver, claramente, oque antes estava oculto bem na minha cara.

Um sentimento de gratidão a DEUS,  de arrombo enche o nosso peito, e com a mesma violência nos deixa leves, serenos, por alguns minutos sábios. Fica mais fácil compreender a felicidade de um pescador, a paz de um rancho rústico e o amor de mãe por sua cria.

Aliás, se eu pudesse dar um conselho ou um ordem, na condição de líder de alguma coisa, eu com certeza diria:

- Sem cultos, reuniões, convenções e qualquer coisa do tipo ! Cada um que ache um lugar de silêncio na natureza e faça ali seu próprio culto.

O homem não precisa de tanta pregação, tanta música, tanta responsabilidade, tanta cobrança. O evangelho de repente ficou com cara sisuda. Eu vejo tanta gente, dentro e fora dos templos, dizendo que está cansada, abatida, ferida… e em contrapartida, vivem pregando o DEUS que dá descanso, a paz que excede todo entendimento, confiar em DEUS e bla, bla, bla …

Gente triste, longe de DEUS, da vida, do amor, da paz, da verdade… correndo atrás do vento, chamando de paz um ritmo perigoso de vida, acariciando monstros de estimação, chamados: segurança, emprego, sucesso, bens, ministérios, cargos…Eu cada vez me entrego às sutilezas do sermão do monte, da palavra do lírio e dos pardais, cada vez mais congrego junto das plantas, da água, do vento, dos insetos e dos animais.

Ouvindo uma pregação muda, silenciosa, pessoal, profunda e cheia de vida.

Em uma igreja onde cada culto é inesquecível.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

UM CONTRATO COM DEUS

 

A ILUSÃO DE QUEM ASSINA CONTRATOS COM DEUS.

Lendo os capítulos 7,8 e 9 do livro de Neemias, o mestre de obras de Deus,  um fato que me saltou aos olhos foi o do contrato solene celebrado entre o povo de Israel e Deus.

Cabe relembrar que Neemias estava quase no fim de completar a obra de restauração da cidade e dos muros de Jerusalém, e que o povo estava passando por um momento muito peculiar de quebrantamento e vontade de mudar de vida.

O livro de Neemias conta que o povo ouviu os seus líderes religiosos lerem a lei de Deus durante 3 horas seguidas, e logo após isso ouviram um pronunciamento que de modo sintético resumia a história de Israel até aquele dado momento, então fizeram confissões e orações de arrependimento por mais 3 horas.

A ladainha era sempre a mesma: Deus abençoava Israel, Israel se esquecia de DEUS e pecava, Israel entrava em período de dificuldade, Israel se arrependia, então DEUS resgatava Israel dos dias de pitanga e o ciclo se reiniciava mais uma vez e mais uma vez e assim por diante.

O interessante é que mesmo após a remissiva histórica narrada ao povo, não houve a manifestação do bom senso, ou seja, eles repetiram o erro de seus antepassados mais uma vez.

Em lugar de reconhecerem que Israel necessitaria constantemente da misericórdia  de DEUS, os israelitas entenderam, que haviam, supostamente, aprendido com o exemplo dos antigos e que doravante não mais cairiam no ciclo vicioso: misericórdia, benção, pecado, arrependimento, misericórdia…

O povo de Israel surge com um novo mecanismo, uma nova estratégia, que na verdade era velha mas que por ser instrumentalizada de maneira nova, acabava dando ao todo roupagens da diferentes, última moda da estação.

Israel decide que não só fariam voto solene verbal, oral, mas que desta vez usariam de um contrato redigido, um meio físico, tangível que selaria de modo concreto um novo e duradouro relacionamento entre Deus e o seu povo.

O povo de Israel creu, piamente, que o erro dos antepassados foi ter usado de meios orais, tradicionais e que de agora em diante, com a coisa toda amarradinha em um contrato escrito, ahh agora sim, eles não pecariam mais, não mais se esqueceriam de DEUS e tudo ia girar numa roda viva de santidade “ad eternum”.

Como muitas vezes, tolamente, eu e você fizemos juramentos solenes aos céus, prometendo nunca mais fazer isso ou aquilo, jurando que nunca mais repetiríamos um certo ato pecaminoso…

Sim, este post vem fazer frente à todos nós que um dia cremos que: se fizéssemos um contrato mais certinho, mais sério e revestido de formas mais duradouras, poderíamos, daquele momento em diante, andar na linha com DEUS.

Ainda bem que veio a cruz, Deus, fez um contrato com Deus.

Sim a cruz de Cristo é um ato violento que rasgou todos nossos contratos de morte, todas nossa promessas falidas, toda nossa moral sem valor, toda nossa santidade forçada e fingida…

A cruz é o contrato de DEUS para com DEUS, em que DEUS morreu por mim para que DEUS me perdoasse eternamente de todos os pecados de minha existência.

Creio que não seja necessário nem mesmo citar que Israel, fez o contrato e logo em seguida caiu, sim caiu, pois a segurança deles estava neles mesmos.

E até hoje, muito comumente, existem os que repetem a tolice dos dias de Neemias, de fazer contratos com DEUS, de elaborar cláusulas entre nós e o altíssimo, e assim por diante.

Ridículo sob qualquer ponto de vista !

Se o contrato é um instrumento que obriga, compele, força, vincula e restringe as partes a fazerem ou deixarem de fazer uma dada coisa ou ato, logo, não posso fazer contratos com Deus, visto que a DEUS ninguém prende, vincula, obriga, dá ordens….

O Deus de quem faz contratinhos com DEUS é deus pequeno, com d e não D…

Deus que se obriga a cumprir exigências, que perde seu poder, autonomia e onipotência quando vê seu nome escrito num pedaço de papel, numa oração, numa promessa, num jejum…

Afinal, Deus estaria preso aos termos do contrato !

Se eu isso Deus aquilo…

Se oro, rezo, medito, qualquer coisa um certo tanto, então DEUS fica obrigado a me dar isso, a me curar daquilo e a me livrar daquilo outro…

Se Deus é Deus ele não deixará que isso me ocorra..

Quem nunca ouviu frases como as de cima ?

Em síntese: não viva a ilusão de uma relação contratual com o eterno, seja no mínimo humilde e aceite o fato de que, nossa natureza por sí só já nos torna incapazes de cumprir contratos, pactos etc., ´celebrados entre nós e o altíssimo.

Viva a verdade que aceita na cruz a remissão e o perdão de toda dívida, toda condenação, toda promessa que falhou, todo erro, toda culpa, toda esperança que morreu, todo choro que passou, ou seja a cruz é tudo em todos.

E nem mesmo pense que após esse texto você é capaz de fazer um contrato com DEUS, prevendo que nunca mais você fará um contrato com DEUS. Risos.