terça-feira, 28 de junho de 2011

RICO, COMO NÃO SE DEVE SER.

RICOS NO INFERNO E MENDIGOS NOS CÉUS !!

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.( Lucas 16:19-23)

Eu considero o texto acima um dos mais revolucionários e brilhantes de toda a bíblia. Revolucionário porque brinca com a categorias da riqueza e da pobreza, inverte valores, questiona origens e destinos, muda toda a consciência acerca de céu e inferno, brilhante pelo fato de ser singelo, contudo, cheio de interpretações, rico de significados, profundo de ensinamentos; bom, vejamos:

1) O fato de alguém ser rico sempre foi ligado ao favor, benevolência, benção, merecimento, ou seja, os ricos sempre foram vistos como pessoas afortunadas por DEUS, em especial na cultura hebreia, que considerava a questão das riquezas quase como uma chancela, um selo, uma afirmação de DEUS para os homens de que os ricos são consorciados do reino dos céus.

2) O rico era rico, lógico, e gostava de ser rico, comia bem, se vestia de modo fino, se regalava, ou seja, vivia pela e para sua riqueza. Nada demais, e assim sendo, o texto não fala que o rico matava, roubava, adulterava, que fazia imoralidades, que tinha um harém; nada disso, o rico era apenas: imbecilmente egoísta e ignorava a vida fora dos domínios de sua riqueza e de seu conforto.

3) Jesus disse que o mendigo era um verdadeiro retrato do fracasso, um cara sujo, ferido, jogado, fedido, oras, um retrato de tudo quanto a religiosidade chama de fracasso, de imundície, de maldição, de vida demoníaca….

O rico era um sinal de tudo que se almeja; e  foi para o inferno!

O mendigo, Lázaro,  era tudo quanto não se quer ser, foi para o céu !

Lázaro sonhava com as migalhas da mesa do rico, e mesmo estando bem pertinho do rico, não foi atendido, quando se deu por conta estava sendo levado por anjos,…O rico foi sepultado, por homens.

O texto de hoje é um desabafo, uma lágrima isolada, filha única, nascida de um olho só, sequer foi seguida por sua irmã gêmea ao longo do rosto. Como fica a nossa vida ?

Os sonhos de riqueza, de prosperidade, de ser alguém , de possuir, de beber, de vestir, de viver melhor…a que preço isso se efetiva em nossas vidas ?

Quantos lázaros sonham com nossas migalhas, quantos deles, sujos, maltrapilhos, falando sozinhos feito doidos nos pontos de ônibus, dormindo nas calçadas…estes animais urbanos, acostumados a serem preteridos, a viverem de cafezinhos e restos de comida, comida que vem da mesa dos ricos.. esses lázaros nossos de cada dia que o Senhor DEUS nos dá hoje e sempre.

Quantos não serão levados por anjos aos céus ?

E nós ?

Ricos no inferno e mendigos nos céus !!!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PONHA UM PONTO FINAL

A DIABÓLICA LÓGICA LACRIMAL.

“Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!  A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. O meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte. Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim. Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida. Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo? Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus? Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus. Salmos 42: 2-11”

É bem verdade que a vida sofre altos e baixos, que nem tudo ocorre a contento nosso, também é verdade que o tempo de cura não é igual para todos, contudo, a dor não pode continuar ad eternum.

O compositor do salmo 42 é um belo exemplo de quem encontrou na dor uma experiência de vida, um momento de reflexão, e que , principalmente, soube sintetizar e finalizar bem o momento da dor.

É interessante notar que para o salmista, fosse a sede dos cervos do sul de Israel fosse a abundância de água do norte, tudo era motivo, comparação, externalidade, parâmetro para a agonia e a angústia em que sua alma, secamente sentia sede e ao mesmo tempo se afogava nas cachoeiras e se precipitava nos abismos.

Isso mostra que pros olhos de quem está sofrendo: não importa o lugar, a situação, o tempo… não importa nada, visto que tudo é visto como lamento. Tudo passa pela interpretação parcial, errônea e viciada de olhos embargados pela quantidade exagerada de lágrimas.

A vida passa a ser distorção da angústia, a dor se apodera da alma e se entroniza no ser, causando um estado de extrema relativização da paz, da alegria, da temperança, da esperança…

Mesmo que Deus fale, mesmo que anjos apareçam, mesmo que os céus se movam sob nossas cabeças e a terra mexa debaixo de nossos pés, para quem está de abismo em abismo, isso pouco importa ! E algo perigoso se instala em nosso coração e migra para os nossos lábios- falo dos questionamentos acerca de DEUS…onde está, existe, quem é, por qual motivo não age , até quando, todas inquisições que de nossa línguas irrompem contra os céus, colocando o eterno contra a parede, fazendo auditorias das atividades divinas, cobrando produtividades do senhor de todo universo.

Para quem se encontra em tal cenário, o primeiro passo é assumir a responsabilidade da dor, não por sua causa ou por seus efeitos, mas por seu término, determinar conscientemente que a dor tem de ter prazo para começar e para terminar, que não pode ser tratada como amiga, desistir do sabor gostoso de uma boa depressão…é levantar a cabeça suja  da lama da auto-comiseração e decidir limpar-se de tudo isso.

É exercício doido e penoso, de se confrontar no espelho com nosso maior e mais antigo inimigo, e dele questionar, sem titubear, Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?

E a resposta deve ser: em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.

Pois o salmo da dor termina, e termina peremptoriamente, logo, pontue o fim da tua dor, ponha um ponto final.