quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

DO QUE SOMOS FEITOS ?

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O comer e o Beber graciosamente imerecidos

Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.1 Coríntios 11

A ceia do Senhor, um momento mágico, cheio de risos, memórias, gratidão, saudades,  libertação...

Antes a cena fosse assim; infelizmente o retrato é outro. Independentemente da raiz, do local, da tradição, do grupo, o que se vê é: tristeza, culpa, cansaço, medo e juízo.

Na carta de Paulo aos Coríntios a cena era de irreverência extrema, baderna e descaso..nos nossos dias Paulo escreveria sobre desânimo, apatia e sobre a  atmosfera fúnebre que é criada no momento da mesa do nosso Senhor.

Aliás, o que foi feito da mesa ?

Quando foi que tudo deixou de ser como era antigamente ?

A mesa que remete ao sacrifício imerecido, que faz reminiscência ao perdão total, atemporal, universal, incondicionado, irreversível...de repente, e não mais que de repente, se transmuta em peso, merecimento, falsa santidade,tudo: frustradamente ungido de um temor que não reconhece, de uma tristeza que não se  internaliza, antes é breve, frugal e sem razão de ser.

E nisso tudo eu me viro e ouço o jargão : “Examine-se, pois, o homem a si mesmo”.

O verbo utilizado por Paulo nesse trecho é um  termo mercantil,  podendo ser traduzido como: “ver do que é feito”. Pois, quando um comerciante,  recebia uma moeda, ele a batia  contra uma mesa ou superfície de pedra, dependendo do som produzido era possível saber de que material a moeda era feita, inclusive se era falsificação.

Se baterem em você, na sua substância...que som é produzido ?

É essa a enquete proposta por Paulo. Não tem haver com merecimento, com ser ou não ser batisado, com ter ou não ter feito rituais de iniciação na igreja, frequência na escola dominical,…

A pergunta é justamente feita para nos guiar ao ato de refletirmos sobre o quanto erramos, quanto podemos melhorar. É olhar para a cruz como o prisieneiro de muito tempo contempla a liberdade, é matar a nossa sede de DEUS no cálice e saciar a fome pelo evangelho com o pão.

A ceia é para gente que peca,mas, que reconhece em Cristo Jesus sua redenção, logo, não há como se preparar, condicionar ou estar adequado ao partir do pão, pois, de modo paradoxalmente gracioso o preparo é o despreparo, o merecimento é o imerecimento, a habilitação é a inabilitação…

Todos pecaram e carecem..quem vê com tais olhos a ceia dela pode comer e beber, pois come e bebe a memória daquele que se fez carne para nos perdoar e nos fazer reconcilição com DEUS e os homens.

E quem come da mesa achando que dela merece, que fez por onde, que a mesa é mais do que direito seu…como também quem come sem fazer idéia do que faz, sem discernimento, sem verdade, sem internalizar o evangelho…esses sim comem e bebem juízo.

Então, que bom e quão maravilhoso é o comer e o beber graciosamente imerecidos