MOVENDO DEUS.

UM ALERTA AOS CAMINHANTES.

Hoje, pela manhã, fui levar um amigo meu à rodoviária. Chegando ao local, um casal de pedintes se aproximou de nós. O homem pediu minha atenção, queria me contar alguma coisa. Provavelmente um daquelas narrativas em que o pior dos cenários ocorreu. E eu, sem mérito ou glória alguma, costumo ouvir tais relatos, gosto, inclusive, de perguntar mais, saber mais, ouvir mais; afinal,muito além de dinheiro, tais pessoas carecem de ouvidos atentos, de abraços, de apertos de mão, de atenção, em resumo: de dignidade.

E hoje,  especialmente hoje, o tempo não estava a meu favor, o ônibus que meu amigo iria tomar estava quase partindo, então, pedi com educação ao pedinte ( pedir a um pedinte, onde já se viu?), que nós conversássemos outra hora, pois, naquele momento não haveria como. Ele, possivelmente, iria me pedir dinheiro. Eu o expliquei de minha pressa e pedir para conversarmos num outro momento. Ele me xingou, me chamou de “fresco”.

E isso me fez pensar, foi como uma parábola inversa.

Geralmente, as parábolas são narrativas que buscam estabelecer uma conexão entre a realidade, ou uma mensagem, ensino, valor. É uma situação inventada, algo como uma fábula, em que os personagens não são exclusivamente míticos ou imaginários.

A vida, a realidade, a dureza, a cor do concreto e o cheiro de rodoviária, tudo isso se fez parábola dentro de mim, se tornou ensino de vida, puxada de orelha, safanão que desperta para a vida.

Quantas vezes abordamos DEUS como pedintes, contamos relatos, fantasiamos fatos, exageramos desdobramentos, turbinamos nossas necessidades e tudo em nome de sermos agraciados com algo; inclusive dinheiro.

E Deus nos pede um tempo. Nos fala sobre o imediatismo da vida, e não de um modo final, peremptório..muitas vezes é apenas um: “ agora não, espere, logo logo, daqui a pouco..” e nós só não verbalizamos os insultos ao divino, mas, na alma, xingamos, cuspimos, nos revoltamos e há os que crucificam a Cristo todos os dias em seus corações e orações. Deus continua, e nós ficamos no mesmo lugar, no mesmo de quando o interpelamos com nossos pedidos~, com nossas orações de fast food, com nossos anseios para ontem.

De modo que eu vejo tanta gente reclamando do mover de DEUS, ou dizendo que não anda mais com DEUS, ou que DEUS a abandonou, tanta gente, tanta gente que me assusta. nada  de tão sério aconteceu, apenas, decidiu-se que o tempo de DEUS não é eficiente o bastante e por isso, e não mais do que isso é suficiente para tomarmos rumos distintos, elegermos uma rota diferenciada, acelerarmos o passo ou nos sentarmos no caminho.

E DEUS que foi , é e sempre será DEUS não mudou, não virou, não dobrou a esquina, não resolveu dar uma corridinha ou desacelerar o passo, ELE continua caminhando, andando, percorrendo com o mesmo ânimo, amor, determinação  e rumo. Quem alega que viu DEUS sumir no horizonte, no mínimo, já havia abandonado DEUS no caminho há muito tempo…

Na física, o conceito de movimento e repouso são relativos. Digo isso pelo seguinte, se viajamos de carro, as árvores aparentam estar correndo do lado de fora, embora árvores não disputem a São Silvestre.

Mas se duas pessoas caminham, na mesma velocidade e seguindo o mesmo trajeto, na mesma direção, então quando uma olha para a outra não parecem que estão caminhando..

E isso serve de lição.

Quem quer ver DEUS se movendo ou está se distanciando de Dele ou está voltando para perto Dele.

Mas, o bom mesmo é ver DEUS em repouso, paradinho ao nosso lado, caminhando com a agente, tão sincronizados, tão unidos que até as passadas e as pegadas são feitas conjuntas. E no repouso do nosso movimento com DEUS,…No repouso a gente descansa..

Fica aí um alerta aos caminhantes.