A DES-GRAÇA EM NOME DE DEUS.
Tenho acompanhado algumas mídias religiosas, principalmente evangélicas, e de modo assustador, tenho verificado que: muito pouco se aproveita de tudo quanto tais veículos produzem. Tentar encontar algo bom é como garimpar preciosidades, encontrando toneladas de terra e cascalho e poucas gramas de verdadeiras gemas de valor.
Tenho visto, ouvido, lido e assistido mais de DEUS fora dos ambientes ditos de DEUS. Tal verificação me causa profunda e irrecuperável tristeza.
E como isso pode estar acontecendo ?
Simples, o povo de DEUS foi doutrinado, treinado, adestrado segundo a escola pavloviana a ignorar os significados, passar desapercebido pelos sentidos e se prender à codigos, jargões, simbolos. Basta citar as palavras certas: Jesus, Deus, aleluia e por aí vai que a mágica funciona.
De fato, hoje em dia é muito mais fácil pregar, cantar, televiosionar; e usar de qualquer outra via de comunicação, do que 20, 30 anos atrás. Primeiro pelo motivo da seriedade, antigamente, quando tudo era singelo e incipiente, ainda havia uma preocupação com os conteúdos apresentados em nome de DEUS, diferente do que se vê atualmente; segundo que as mídias eram mais escassas e isso forçava um certo controle de qualidade, não era qualquer um que lograva acesso aos canais de comunicação franqueados, era raro, caro e extremamente resumido.
Eu fico observando essa multidão embasbacada. Um sem número de pessoas achando o máximo que DEUS tenha se tornado pop, e de modo irônico, mas muito triste, me parece que Jesus sobrepujou os Beatles, pelo menos no Brasil. Sim, quam canta, produz, aparece e lança discos de sucesso não são mais os garotos de liverpool, agora é a hora dos singles do galã de Nazaré.
A noção de que o mundo evangélico cresceu e adquiriu certa viabilidade social e política causa um sentimento de grupo, de gueto, de massa que se movimenta proativamente em direção ao poder. Poder pólítico, econômico, interesses diversos dos do reino dos céus.
A ponto do mundo evangélico atual causar inveja ao mundo. Sim, raros os cantores seculares que ainda conseguem arrebatar quantias absurdas de fãs, número de shows e de CD´s vendidos tanto quanto os artistas evangélicos. Até a GLOBO, for God sakes, entrou na onda de fazer dinheiro com o mercado gospel.
Um turbilhão de coisas surgiram, uma verdadeira babilônia em nome de DEUS.
E qual o sentido disso tudo?
Bom, a bússola desse titanic aponta na direção do fim dos tempos, do esfriamento do amor, da era em que as igrejas só recebem de DEUS puxadas de orelha…a esperança é que isso acabe logo, que Jesus repita o episódio do templo… bicho solto, azorrague, mesas voando e tudo mais.
E não vá achando que a doença que acabo de descrever é exclusiva de quem ocupa os palcos e os pulpitos, não , não, fazer de DEUS uma coisa, um material descartável, é vírus que pode consumir qualquer coração, desde os mais altos cargos até os níveis mais elementares da concreção da fé. É perigo que rodeia, circunda, estuda possibilidades e atua nas pequenas brechas. Raposa que devora filhotinhos, ainda no ninho, e que se vislumbra oportunidade mais desafiadora: torna-se em dragão poderoso o bastante para deglutir rebanhos inteiros.
Que o temor volte aos corações, causando extremo zelo em quem prega, canta, profetiza ou de outro modo se reporte em nome de DEUS. Que o culto racional, digno, cauteloso e portanto correto seja restaurado em cada coração; inclusive no meu.
Insuportável é que se dê continuidade ao culto do DEUS-CARTÁVEL.